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Projeto Documenta: FICHA DESCRITIVA 004 

"Vocabulário na Língua Brasílica (VLB)"

Ayrosa 1938 [Anônimo 1622] ​​​​​​​

Acesso ao texto
Documenta: Vocabulário na Língua Brasílica (VLB)
PDF 2 (Continuação)
Nome do autor.
O vocabulário é de autoria anônima, segundo Ayrosa 1938. Na edição consultada, Ayrosa (1938[1622]) trabalhou com um manuscrito datado de 1622, adquirido na Europa em 1928 pelo jornalista e acadêmico José Felix Alves Pacheco (1879–1935), que erroneamente atribuiu sua autoria ao P. Pero de Castilho, S. J. (1572–c. 1631). A atribuição da autoria ao P. Castilho se deve ao fato do referido manuscrito conter um anexo que relacionava os “Nomes das Partes do Corpo Humano” (publicado separadamente por Ayrosa, em 1937), datado de 1613 e acompanhado do nome de P. Castilho. Os argumentos de Ayrosa contra a autoria de Castilho se apoiam na correspondência trocada entre P. Serafim Leite, S. J. (1890–1969) e Felix Pacheco, reproduzidas na íntegra em Ayrosa 1938.

A hipótese de que o P. Luis Figueira (c.1575–1643) pudesse ser o autor do Vocabulário é igualmente refutada por Ayrosa 1938, que afirma que Figueira jamais esteve em Piratininga.

Ainda conforme os estudos de Ayrosa 1938, há um manuscrito datado de 1896 (=Manuscrito da Biblioteca Nacional, RJ), cópia idêntica do manuscrito de Felix Pacheco, que traz como título: Cópia do Vocabulário da Lingua Brasílica do Padre Anchieta. Anchieta, segundo Ayrosa, de fato compôs um vocabulário de que há referências na literatura jesuítica. Ayrosa aponta ainda alguns indícios que tornam plausível a hipótese de que o a. desse manuscrito possa ser, de fato, Anchieta, como, por exemplo, ser Piratininga a principal sede de suas atividades de catequista e se encontrarem muitas semelhanças entre termos citados na sua Arte de 1595e no Vocabulário.

Para Serafim Leite (1938), P. Leonardo do Vale, S.J. (c. 1540–1591) é o autor do Vocabulário, e não Anchieta. Serafim Leite se apóia principalmente em uma carta do P. Marçal Beliarte escrita por ocasião da morte de do Vale (1591): “... príncipe dos línguas brasílicos, eloqüente como Túlio, que falava a língua com tanta perfeição que até os índios se admiravam do seu talento e graça singular; companheiro do P. Nóbrega e dos primeiros padres, autor do Dicionário da Língua Brasílica, ótimo, copioso e muito útil...” (Serafim Leite 1938:553).

Gimenes (1999) aponta que Ayrosa (1952) acredita na possibilidade de ter havido um coordenador da produção da obra, que poderia ter sido Anchieta. “Não pensamos [...] seja fácil e justo atribuir-se, a um homem apenas, a autoria dessa obra que, com grandes probabilidades, é produto da cooperação de muitos.”. (Ayrosa apud Gimenes 1999:117)

Datas do autor
fl. séc. XVII
Título original
Vocabulario na Lingua Brasílica (VLB)
Outro(s) título(s)
Dicionário da Lingua Brasílica (cf. Serafim Leite 1938:552-553)
Tipo da obra
Vocabulário bilíngüe português- tupi.
Dados da 1a edição
 “A primeira parte do volume, incontestavelmente de grande valor, estende-se por 171 folhas de ótimo papel filigranado, formato 25x14,5, ricamente encadernadas em couro antigo, com bordaduras de ouro. É um vocabulário — português-tupi. Precedendo o corpo da obra, e logo após duas folhas inteiramente em branco, lê-se o Epigrammaton seguinte, em letra larga e caprichosa: In hoc ualde ilaboratum uocabularium Brasilicum. Principium tulit Aprilis, finem attamen isto Augustus libro, floridus esto líber. Quando liber dedit optatum dextera finem Nunc tua mente licet carpere uerba mihi. Auxilium, qui cunctatu o Deus inclire regis Nutu, mitte mihi, & tu mihi Virgo fane. Brasilicae ut possim saltem uestigia linguae Discere, si fuerit gloria, Virgo Deo. Desta epígrafe obtivemos, graças á bondade do jovem sacerdote Padre Antonio Barbosa, a seguinte tradução livre: Epígrafe/ Em abril se começou e em agosto se acabou este tão bem trabalhado vocabulário brasílico: seja ele um livro proveitoso! Oh! livro, se a minha destra te deu o desejado acabamento comece agora a minha memória a reter as palavras que registas. Oh! Deus que tudo diriges admiràvelmente com o aceno de teu rosto, vem em meu auxílio! Auxilia-me tambem tu, Virgem Santa, para que eu possa ao menos aprender os rudimentos da lingua brasílica, se for, oh! Virgem, para a glória de Deus. Segue-se uma página em branco, na qual, por letra inteiramente diversa da do texto, alguém escreveu: Vocabolario na Lingua Brasilica Manuscript. Após esta, enumerada também, a folha em que se encontram um esboço colorido do brazão da Companhia de Jesus, novo texto em latim e, no alto, a inscrição: Vocabulário na lingua Brasilica. 1621a. Vem então o Vocabulário, que se inicia pelo A, dativo, correspondente ao çupê, tupí, aliás sem o acento característico do final. Corre por 171 folhas, ou 342 páginas, e termina com a frase: Zurrar como iumto. (jumento). E, como que para encher a última coluna da derradeira página, o copista, depois das frases habituais em honra á Virgem e a Deus, acrescentou esta quadrinha que, como se vê, reproduz  a primeira frase da epígrafe latina transcrita: Este livro intitulado/ Vocabulario Brazil/ Foy começado em Abril/ Porem em agosto acabado. Logo abaixo está: 1622 (a) Aos 22 de Agosto oitaua da assunção de Nossa Senhora. ? Piratininga. A folha seguinte, marca a separação entre este Vocabulário e a obrinha de Pero de Castilho, toda grafada com letra absolutamente diversa, embora em papel idêntico.” (Descrição do manuscrito Felix Pacheco (=BMA) feita por Ayrosa 1938: 39ss.):
Século
XVII
Edição consultada
Ayrosa, Plinio 1938[1622]. Vocabulario na Lingua Brasilica. Manuscrito Português-Tupi do século XVII, coordenado e prefaciado por Plínio Ayrosa. São Paulo: Departamento de Cultura.
Descrição da edição consultada
435 páginas, c/ três ilustrações do manuscrito Felix Pacheco (=BMA). Folha de rosto contendo o título da obra e dedicatória de Plínio Ayrosa a Sud Menucci, s/d; folha de rosto contendo dados da edição; reprodução facsimilar da folha de rosto do manuscrito, datada de 1621; prefácio de Plínio Ayrosa (p.7-74); relação das principais abreviaturas usadas no vocabulário (p.77-79); reprodução facsimilar da primeira página do vocabulário (p.80); vocabulário (p.81-432); reprodução facsimilar da última página do vocabulário (p.433); reprodução datilografada do fecho do manuscrito datado de 1622 (p.435).
Reproduções/ Difusão
Manuscrito da Biblioteca Mário de Andrade, 1622.

Manuscrito da Biblioteca de Coimbra. (Referência do Professor Aryon Rodrigues).

Manuscrito da Biblioteca Nacional (RJ), 1896. Este manuscrito, segundo Ayrosa 1938, pertenceu a Eduardo Prado e é uma cópia idêntica ao de Felix Pacheco. Este manuscrito dá como autor do Vocabulário o P. José de Anchieta (1534-1597)

Manuscrito Museu Britânico, ed. por Ernesto Ferreira França, in Chrestomathia da Lingua Brasílica, vol. II da Bibliottheca Lingüística; vol III da Bibliotheca Braziliense. Leipzig: F. A. Brockhaus, 1859 (apud Ayrosa 1938:46). Ayrosa (1938:50-56) afirma que o manuscrito do Museu Britânico e o manuscrito Félix Pacheco apresentam semelhanças o bastante que lhe permitem afirmar que a fonte de onde provêm os manuscritos é uma só. Trata-se provavelmente de “cópias de algum antigo vocabulário de uso corrente nos centros de catequese do século XVI, quiçá daquele mesmo vocabulário que Anchieta compôs [...]”

Manuscrito da Biblioteca Mario de Andrade, SP (=Manuscrito Felix Pacheco), ed. e prefaciado por Plinio Ayrosa como Vocabulario na Lingua Brasilica. Manuscrito Português-Tupi do século XVII. São Paulo: Departamento de Cultura, 1938[1622].

Drumond, Carlos. 1952[1938]Vocabulário na Língua Brasílica. 2ª ed revista e confrontada com o Ms. Fg., 3144 da Biblioteca Nacional de Lisboa por Carlos Drumond. Boletim da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (Etnografia e Tupi-Guarani 23), nº137. 1º vol. (A-H). São Paulo.

Drumond, Carlos 1953[1938]Vocabulário na Língua Brasílica 2ª ed revista e confrontada com o Ms. Fg., 3144 da Biblioteca Nacional de Lisboa por Carlos Drumond. Boletim da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (Etnografia e Tupi-Guarani 24), nº138. 2º vol. (I-Z). São Paulo.

Língua(s) descrita
Tupi antigo, ou Tupinambá. Língua brasílica (séc. XVII), referida por Ayrosa 1938 como o tupi falado na região de São Paulo/ São Vicente.
Língua descritora
Português
Sumário da obra
“Trata-se de um vocabulário português-tupi, composto de mais de 8 mil verbetes. Em virtude da distância entre as visões de mundo subjacentes às duas línguas, freqüentemente não foi possível traduzir diretamente as palavras do tupi pelas do português por isso as entradas em geral não são vocábulos, [...] mas descrições de seres e objetos, representadas, por exemplo, por nomes seguidos de locuções adjetivas [...]. E de ações, representadas por verbos acompanhados, por exemplo, de locuções adverbiais [...]. Ou ainda, por estruturas sintáticas mais complexas.” (Gimenes 1999:117-118).
Objetivo do autor
obra de referência, complementar à gramática e ao catecismo, para os missionários que precisassem aprender a língua Tupi antiga
Contribuição da obra/ influências
Essa obra é uma das poucas existentes que descrevem a Língua Brasílica do Período Colonial. O VLB traz um amplo registro do léxico tupi.  “abarca toda classe de noções e nomes: animais e seus hábitos, plantas, matas, agricultura, partes do corpo, idade, tamanho, sexo, parentesco, doenças, defeitos, caracteres, estados d’alma, religião, superstições, habitações, povoados, navegação, tempo, astros, culinária, bebida, vida sexual, morte, medidas, numerais, fenômenos fisiológicos, atmosféricos, acidentes geográficos, etc., etc. As informações são particularmente abundantes sobre ornatos, toiletes, vestuários, caça, pesca e guerra, e termos relacionados com a água. E não só substantivos, mas uma infinidade de verbos e adjetivos subordinados àqueles temas. Um bom número de frases e períodos, aduzidos de quando em quando para exemplificar alguma regra, fazem do Vocabulário um inestimável auxiliar no aprofundamento da gramática tupi.” (Barbosa Lemos : 20-21)
Indicações complementares
“Nesse documento, pouco se utilizou a estratégia da tradução termo a termo. Para a captação de traços de significado —que no português não se marcam no nível morfossintático, como ocorre no tupi—, os autores utilizaram diferentes estratégias descritivas: explicações, ressalvas, exemplificações.” (Gimenes 2005:.34)
Palavras-Chave
dicionário, jesuíta, língua brasílica, língua geral, lingüística missionária, vocabulário
Bibliografia
Autor da ficha/data
Autores

Ayrosa 1938 [Anônimo 1622]

Séculos

XVII

Palavras-chave

dicionário, jesuíta, língua brasílica, língua geral, lingüística missionária, vocabulário