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Projeto Documenta: FICHA DESCRITIVA 001 

"Arte de Gramática da Língua mais usada na costa do Brasil"

Anchieta, José de  

 

Acesso ao texto
 

Biblioteca Nacional RJ

 

 
 
 
Nome do autor.
 
P. José de Anchieta, S. J.
 
 
 
Datas do autor
 
1534–1597
 
 
 
Biografia
 
Padre jesuíta espanhol, nascido em Tenerife. Estudou no Colégio das Artes em Coimbra entre 1549 e 1551 e, uma vez no Brasil, aos 19 anos, reportou-se sempre ao ramo português da Cia. de Jesus, até sua morte de 1597. Fundador da cidade de São Paulo (1554) e declarado beato pelo papa João Paulo II em 1980, também é conhecido como gramático, poeta, teatrólogo e historiador. A primeira obra de Anchieta publicada, De gestis Mendi de Saa, escrita em latim e impressa em Coimbra em 1563, é considerada o primeiro poema brasileiro impresso. Seu conteúdo descreve a luta dos portugueses chefiados pelo governador Mem de Sá (1500–1572) para expulsar os franceses da baía de Guanabara. A Arte de grammatica da língua mais usada na costa do Brasil (1595) foi seu segundo texto impresso. Esta obra é considerada a primeira gramática de uma língua brasileira.
 
 
 
Título original
 
Arte de Grammatica da Lingoa mais vsada na costa do Brasil. pelo padre Ioseph de Anchieta da Cõpanhia de IESV
 
 
 
Tipo da obra
 
Gramática pedagógica. ‘Arte de gramática’ era uma denominação usual nos séculos XVI e XVII para obras de descrição gramatical que deveriam observar os critérios de brevidade, ordenação e explanação de aspectos fundamentais das estruturas gramaticais das línguas (Batista 2004).
 
 
 
Dados da 1ª. edição
 
1595, Coimbra: Antonio Mariz. “A julgar pela ed. fac-similar, feita por Julio Platzmann, em 1876, a num. das ff. 8, 24, 30 está errada, isto é, nelas aparece a num. 9, 23 e 29 respectivamente. É a primeira ed., da qual são conhecidos, seguramente, três exemplares: um pertencente à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; outro à Biblioteca Vittorio Emanuele, de Roma e, finalmente, o terceiro ao Arquivo da Companhia de Jesus[...].” (Drumond 1990:13)
 
 
 
Século
 
XVI
 
 
 
Edição consultada
 
1990[1595]. Arte de grammatica da lingua mais usada na costa do Brasil. 7ª. ed., fac-similar da 1ª ed. (=Monumenta Anchietana, 11º.vol). São Paulo: Loyola.
 
 
 
Sumário da edição consultada
 
Apresentação de Carlos Drumond (7-17); texto fac-similar (19-138); aditamentos: História da Arte da Gramática narrada pelos contemporâneos (140-144); Folha autógrafa da Gramática (145-147); Leitura da Gramática para os não-iniciados (148-215); Índice analítico da Gramática (216-231). 
 
 
 
Reproduções
 
2ª ed. 1874, por Julio Platzmann. Lipsia: B. G. Teubner. Versão em alemão: Grammatik der Brasilianischen Sprache, mit Zugrundelegung des Anchieta. Herausgegeben von Julius Platzmann, Riter des Kaiserl. Brasilianischen Rosen ordens. Leipzig: Druck von B. G. Teubner, 1874; 3ª ed. 1876, ed. fac-similar por Julio Platzmann. Leipzig: B. G. Teubner; 4ª ed. 1933, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional. “As chapas estereotípicas que serviam para esta reprodução são as mesmas oferecidas por Platzmann à Biblioteca Nacional, e por ele usadas na confecção da ed. fac-similar da de 1595, em 1876.” (Drumond 1990:15); 5ª ed. 1946, fac-similar. São Paulo: Anchieta; 6ª ed. 1980, fac-similar. Salvador: UFBA; 7ª ed. 1990, São Paulo: Loyola; Ed. espanhola 1999, Madrid: Ediciones de Cultura Hispanica: Agencia Española de Cooperación Internacional: BN: UNESCO Ediciones
 
 
 
Difusão
 
Circulou manuscrita desde 1556 para o ensino do Tupi no Colégio da Bahia (Drumond 1990:9). Substituída pela gramática de Figueira 1621 no ensino  do Tupi nos colégios jesuítas, voltou a ser objeto de interesse a partir do séc. XIX quando foi reeditada por Platzmann em português e em alemão.
 
 
 
Língua(s) descrita
 
Tupi antigo, ou Tupinambá. A língua mais usada em toda a costa do Brasil era uma língua Tupi: “Esta língua é a geral, começando arriba do Rio Maranhão [ele escrevia em 1605] e correndo por todo o distrito da Coroa de Portugal até o Paraguai e outras províncias sujeitas à Coroa de Castela. Aqui entram os Petiguares até Pernambuco, os Tupinambás da Bahia, os Tupiniquins e Tumiminós da Capitania do Espírito Santo, e os Tamoios do Rio de Janeiro, e muitas outras nações, a quem serve a mesma língua com pouca mudança de palavras”. (Pero Rodrigues, Annaes XXIX, 199 apud Serafim Leite 1938:55ss)
 
 
 
Língua descritora
​​​​​​​
 
Português e Latim
 
     
Sumário da obra
 
Cap. I. Das letras (1r-2r); Cap II. Da Orthographia ou pronunciação (2r-7r); Cap. III. De accentu (7r-8r); Cap. IIII. Dos Nomes (8r-10v); Cap. V. Dos pronomes (10v-17r); Cap. VI. Arte da dos Verbos (17v-20r); Cap. VII. Annotações, na Conjugação (20r-36r); Cap. VIII. Da Construição dos verbos activos (36r-37v); Cap. IX. Dalguas maneiras de verbos em que esta amphibologia se tira (37v-40r); Cap. X. Das Proeposições (40r -46r); Cap. XI. De sum, es, fui (46r-48r); Cap. XII. Dos verbos neutros feitos actiuos (48r-49v); Cap. XIII. Dos actiuos feitos neutros (49v-52r); Cap. XIIII. Da Composição dos verbos (52r-52v); Cap. XV. Da Repetição dos verbos (52v-54v); Cap. XVI. De algus verbos irregulares de Aê (54v-58v)
 
 
 
Objetivo do autor
 
Construir uma gramática pedagógica da língua mais falada na costa do Brasil no século XVI para que os missionários jesuítas aprendessem a língua.
 
 
 
Contribuição da obra/ influências
 
Considerada calcada na gramática latina, é possível que Anchieta tivesse conhecido a gramática de Nebrija 1492 e pelo menos duas das antigas gramáticas portuguesas (Barros 1540 e Gândavo 1574). “Anchieta não cita o mais seguido dos gramáticos latinos, Quintiliano, como o fazem os outros gramáticos do século, inclusive Fernão de Oliveira  [Oliveira 1536], o mais distanciado dele. Mas, como era um profundo conhecedor de latim, que ensinava aos irmãos menos experientes, e era capaz de produzir literatura nessa língua, a nomenclatura gramatical que usa e mesmo a sua linguagem de gramático acusam forte presença do modelo latino.” (Edith Pimentel Pinto apud Drumond 1990: 9-10)
 
 
 
Partes do discurso
 
Do ponto de vista do número e hierarquia das partes de que se compõe a gramática, Anchieta (1990[1595]) é, relativamente, o mais ‘livre’ em relação ao modelo latino de referência. Desenvolvida em dezesseis capítulos, sua gramática se inicia com um apanhado geral das letras, ortografia, pronunciação e acento (1r-9v), seguido da exposição das propriedades da morfologia dos nomes (9v’-10v), dos pronomes (10v-17r) e dos verbos, de longe a parte mais extensa da gramática (17v-40r; 46r-58v), intercalada com uma enumeração das preposições (40r-46r). Não há capítulos especialmente dedicados aos advérbios, embora a eles se faça menção em alguns pontos da gramática. Adjetivos e substantivos são subclasses dos nomes, ou dos pronomes. Artigos designam prefixos de raiz verbal: “Todos os ver. Actiuos, & muitos neutros se conjugão com estas pessoas, as quæs chamamos articulos á differença das pessoas expressas, que são os pronomes, [...]” (Anchieta 1990 [1595]: 20v).  Não é claro o estatuto dos particípios, equivalentes aos ‘nomes verbais’. Não há nenhuma menção a interjeições ou conjunções.
 
 
 
Inovação conceptual/ terminológica
 
Atribui-se a Anchieta originalidade na solução e apresentação de problemas fonológicos ou morfológicos do Tupinambá, tais como o tratamento dado ao i ‘grosso’, à conjugação verbal negativa, à regra dos advérbios, ou ao tempo dos nomes (cf. Rodrigues 1997). No séc. XVI, o termo acento geralmente se referia ao timbre, depois à tonicidade, mas não especialmente à grafia. “Em Anchieta, o acento está associado à tonicidade e é uma notação, um grafema [...].”(Edith Pimentel Pinto apud Drumond 1990: 9-11)
 
 
 
Palavras-chave
 
ambigüidade, anfibologia, arte de gramática, articulo, cremento, dição, dicção duplicação, gramática colonial, I jota, I lene, incremento, jesuíta, artigo, letra áspera, letra dobrada, letra líquida, letra muta, língua brasílica, língua geral, lingüística missionária, modo potencial, nome absoluto, nome verbal, posposição, pronomes latinos, [servir de] suposto, tempo do nome, terminação, variação, variante, variável, verbo absoluto, verbo afirmativo, verbo ativo, verbo com artigo, verbo freqüentativo, verbo negativo, verbo neutro, verbo sem artigo, verbo sum, voz, zeura
 
 
 
Bibliografia
 
 
 
 
Autor da ficha
 
Autores

Anchieta, José de

Séculos

XVI

Palavras-chave

ambiguidade, anfibologia, arte de gramática, articulo, cremento, dição, dicção duplicação, gramática colonial, I jota, I lene, incremento, jesuíta, artigo, letra áspera, letra dobrada, letra líquida, letra muta, língua brasílica, língua geral, linguística missionária, modo potencial, nome absoluto, nome verbal, posposição, pronomes latinos, [servir de] suposto, tempo do nome, terminação, variação, variante, variável, verbo absoluto, verbo afirmativo, verbo ativo, verbo com artigo, verbo frequentativo, verbo negativo, verbo neutro, verbo sem artigo, verbo sum, voz, zeura.