O Centro de Documentação e Historiografia Linguística (CEDOCH – DL – USP) promoveu, nos dias 4, 5 e 6 de Outubro de 2023, o minicurso “Políticas Linguísticas na Educação Superior Indígena”, ministrado pela professora convidada Aline da Cruz (UFG/Núcleo Takinahakỹ), como primeira etapa do XV Encontro de Historiografia Linguística.
No primeiro dia do encontro, a professora trouxe um breve histórico da educação indígena no Brasil, nos fazendo pensar acerca dos conflitos que emergem na interação entre a escola, a educação tradicional e a conformação social de diferentes povos. Por fim, discutimos sobre políticas linguísticas dos séculos XVII, XVIII e XIX que influenciaram o cenário de línguas indígenas no Brasil e sua interação com a língua portuguesa.
No segundo dia, a professora abordou políticas públicas que afetaram direta e indiretamente o desenvolvimento da educação indígena. Falamos sobre as propostas de escolas indígenas promovidas pelo SPI no século XX, que contavam com professores não-indígenas e o português como língua de educação. Em seguida, passamos pelo período de estabelecimento da FUNAI e o convênio com o SIL, que trouxeram o conceito de bilinguismo de transição na educação indígena. Finalmente, chegamos à Constituição de 1988 e a elaboração de políticas oficiais para a educação indígena, que buscam assegurar o uso das línguas maternas e a manutenção de processos próprios de educação.
No terceiro e último dia, conversamos sobre o histórico e o cenário atual da Educação Superior Indígena no Brasil, que forma, principalmente, professores de educação básica. A professora compartilhou sua ampla experiência na coordenação da Licenciatura Intercultural no Núcleo Takinahakỹ da UFG, explicando os princípios pedagógicos que regem esses cursos, suas potencialidades e limitações. Em contraste com a ideia de bilinguismo de transição, a professora nos apresentou o conceito de bilinguismo epistêmico, que está em processo de implementação na educação básica indígena no Brasil.