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Projeto Documenta: FICHA DESCRITIVA 008 

"Notas sobre a lingua geral ou tupí moderno do Amazonas"

Hartt, Charles Frederick​​​​​​​

 

Acesso ao texto
 
Documenta (PDF)
 
 
 
Nome do autor
 
Charles Frederick Hartt
 
 
 
Datas do autor
 
1840–1878
 
 
 
Biografia
 
Canadense de nascimento, Charles Frederick Hartt foi geólogo, paleontólogo e naturalista especializado em geologia brasileira. Conhecia bem latim, grego, hebraico, árabe, além de francês, inglês, alemão e português (Menezes 1878: 15). Em 1860, começou a trabalhar como assistente de Luis Agassiz (1817-1873) no Museu de Zoologia Comparada, da Universidade de Harvard. Agassiz é conhecido por ter estudado as eras do gelo e por ter sido um dos últimos cientistas a resistir às ideias de Darwin. Em 1865, os dois pesquisadores vieram ao Brasil na Thayer Expedition, em busca de provas que refutassem a teoria evolucionista. Hartt se encantou com o país, onde permaneceu durante quinze meses. Depois disso, fez mais quatro expedições para o Brasil, entre os anos de 1870 e 1878, durante as quais coletou dados sobre a terra a as pessoas, o que contribuiu para o conhecimento da flora, fauna, minerais, geografia, linguística e etnografia brasileiras. Em sua última viagem, Hartt coletou mais de 500 mil espécies de seres vivos, que doou para o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1875, o imperador Dom Pedro II, por influência do canadense, construiu a Comissão Geológica Imperial que durou, porém, apenas dois anos. Morreu no Brasil, em decorrência de febre amarela.
 
 
 
Título original
 
Notes on the Lingoa geral, or modern Tupi of the Amazonas, 1872
 
 
 
Outro(s) título(s)
 
Notas sobre a lingua geral ou Tupi moderno do Amazonas, 1937
 
 
 
Tipo da obra
 
Descrição gramatical de aspectos da Língua Geral
 
 
 
Dados da 1ª. edição
 
Nova Yorque, 1872. A obra foi publicada pela primeira vez no periódico Transactions of the American Philological Association (TAPA), fundado em 1869 e que é, ainda hoje, a publicação oficial da American Philological Association (APA). A APA, igualmente fundada em 1869, define-se como uma organização científica norte-americana, sem fins lucrativos, interessada principalmente pelo estudo da Antigüidade Greco-romana, suas línguas, literaturas e civilização.
 
 
 
Século
 
XIX
 
 
 
Edição consultada
 
Edição realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em 1937.
 
 
 
Descrição da edição consultada
 
85 páginas impressas. Capa e contra-capa; Explicação [comentário do então Diretor da Biblioteca Nacional, Rodolfo García (305-306)]; Notas sobre a lingua geral, ou tupí moderno do Amazonas [análise da língua Geral e seus processos de evolução (307-317)]; Frases [frases em Tupi acompanhadas de traduções (319-381); Conversação [cita partes de conversas em Tupi, suas traduções, e converte o poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, para o Tupi] (383-390). Ao que se depreende da leitura da Explicação, o que foi publicado em Nova Yorque, em 1872, foi apenas a parte da obra referente às Notas sobre a lingua geral ou tupí moderno do Amazonas. A edição brasileira é que contém a segunda parte do trabalho intitulada Frases e Conversação: “Dessa prestigimosa contribuição [doação dos manuscritos pela esposa do falecido pesquisador para Biblioteca Nacional] os Anais vão publicar agora as Notas sobre a Lingua geral (vertidas do Inglez para o vernáculo) e as Frases e Conversação, em Tupi e Português” (Hartt 1937: 305-306)
 
 
 
Fontes utilizadas
 
Observação direta e coleta de vocábulos da língua falada no Amazonas em 1870 e 1871, com a ajuda de falantes nativos e intérpretes, e com a utilização de um alfabeto fonético: “Logo que me tornei um tanto familiar com a linguagem, tomei dos labios dos nativos centenas de frases para ilustrar a estrutura da língua; finalmente, habituei dois de meus guias a ditarem dialogos, histórias, lendas, fábulas, etc. Tudo era escrito exatamente como era ditado e cuidadosamente corrigido com o auxílio do nativo uma e mais vezes.” (Hartt 1937: 309-310)
 
 
 
Difusão
 
No Brasil houve uma edição apenas
 
 
 
Língua(s) descrita(s)
 
Tupi moderno ou Língua Geral Amazônica
 
 
 
Língua descritora
 
Português (na edição consultada, 1937) e Inglês (na primeira edição, 1872).
 
 
 
Estrutura geral da gramática
 
São as Notas sobre a lingua geral ou tupí moderno do Amazonas que contêm as rápidas observações gramaticais de Hartt sobre a Língua Geral. Não se trata, ainda, do prometido material ‘volumosíssimo’ para ilustrar a estrutura e o gênio da língua, conforme revelam os comentários do autor (cf. Hartt 1937: 310). A parte descritiva das suas Notas dizem respeito, principalmente, aos sons da língua e a peculiaridades de sua pronúncia; à morfologia nominal (nomes e adjetivos) e verbal, que descreve e exemplifica rapidamente; ao uso dos ‘pronomes’ (possessivos, demonstrativos, relativos); e à introdução de termos portugueses no léxico da língua.
 
 
 
Objetivo do autor
 
Fazer uma breve descrição do Tupi moderno: “Nesse trabalho pretendo dar um ligeiro esboço de alguns pontos [do vocabulário Tupi reunido por ele] em conexão com a estrutura desta língua” (Hartt 1937:310). Segundo o autor, a necessidade de estudar a língua Tupi surgiu ao preparar a obra Geology or Physical Geography of Brazil, pois percebeu que deveria aprender a etimologia dos nomes geográficos, para estabelecer uma ortografia correta, mas como nenhuma gramática feita até então lhe agradara, Hartt fez uma própria, enquanto viajava pelo Amazonas.
 
 
 
Contribuição da obra
 
A obra foi escrita no século XIX quando a Língua Geral Amazônica já teria sofrido, pois, muitas transformações desde seus primeiros registros. Hartt procurou fazer uma análise do desenvolvimento e das mudanças desta língua ao longo do tempo, como se observa no seguinte exemplo: “O antigo Tupí usava a miúde as letras dobradas nd e mb, esta última quasi sempre inicial. Não obstante serem as velhas formas preservadas aquí e alí, a tendência geral foi para usar n em vez de nd, e m em lugar de mb. Assim, a antiga forma do pronome da segunda pessoa do singular era indé, e posto que ainda se use, a forma mais comum é iné; assim tambêm o verbo mendar, casar, se tornou menar; mas em nenhum caso, que eu saiba, houve queda do n ficando d sozinho [...].” (Hartt 1937: 308). Segundo Garcia (in Hartt 1937: 306): “A parte que o autor intitulou Frases e Conversação tem real interesse, porque ensina com muita clareza a colocação das palavras em ordem gramatical, os tempos dos substantivos, como dos verbos, as preposições ou posposições, que os régem, em suma a sintaxe da lingua que, apesar de singela, apresenta às vezes dificuldades” Além disso, ele cita Dr. José Rodrigues Peixoto (Rio de Janeiro, 1880), segundo o qual a obra contém “uma grande tentativa para provar que a lingua hoje corrente no Amazonas não é a mesma que a do tempo dos jesuitas. A exposição da gramatica geral é tão clara, tão metódica e exemplificada com frases e sentenças tomadas dos proprios labios dos indígenas, que acreditamos muito pouco lhe faltava para constituir uma gramática completa...” (Garcia, in Hartt 1937: 306).
 
 
 
Influências
 
Hartt é bastante crítico em relação às descrições da Língua geral que lhes são contemporâneas, observe-se: “Não existe publicada nenhuma gramática e nenhum dicionário do Tupí moderno do Amazonas. O vocabulário de von Martius é infelizmente reduzido e muito incorreto. O melhor é o do Pe. Seixas, publicado no Pará em 1853, para o uso do Seminário episcopal. E’ um folheto de 66 pp. pequenas; mas está esgotado e é extremamente raro. Está longe, contudo, de ser correto. O Coronel Faria, de Óbidos, publicou em 1858 um folheto de 28 pp., intitulado Compêndio da Língua Brasileira, escrito para uso do mesmo Seminário; mas é curioso que se baseie num dialeto falado no alto Rio-Negro, muito diferente da Língua geral, como é pròpriamente chamada, e não intelegível (sic) no Amazonas. Êsse compêndio, inseguro sob vários respeitos, mostra, contudo, que aquêle dialécto conserva algumas formas importantes da estrutura do velho Tupí, do tempo em que se tornou absoluto no Amazonas.” (Hartt 1937: 309).
 
 
 
Palavras-chave
 
Alfabeto fonético; Amazonas; Aspiração; Brasil imperial; Comissão Geológica do Império; Concordância; Cópula; Dialeto; Estrutura da língua; Eufonia; Gênio da língua; Gramática comparada; I gutural; Ilha de Marajó; Lei do menor esforço; Letra dupla; Letra dobrada; Língua-geral-amazônica; Louis Agassiz; Mitologia Indígena; Mundurucu; Maué; Prefixo-pronominal; Raiz; Rio Negro; Sufixo; Sujeito; Thayer Expedition; Tronco Tupi; Tupi do Amazonas; Tupi-moderno; Variante; Verbo auxiliar; Verbo-causativo; Verbo ser; Verbo ikó; Vogal longa; Vogal breve; Vogal intermediária.
 
 
 
Bibliografia
 
 
 
 
Autor da ficha/data
 
Vitória Cortez Cohn, com a colaboração de Renan Viani e Bruna Polachini
Autores

Charles Frederick Hartt

Séculos

XIX

Palavras-chave

   Alfabeto fonético; Amazonas; Aspiração; Brasil imperial; Comissão Geológica do Império; Concordância; Cópula; Dialeto; Estrutura da língua; Eufonia; Gênio da língua; Gramática comparada; I gutural; Ilha de Marajó; Lei do menor esforço; Letra dupla; Letra dobrada; Língua-geral-amazônica; Louis Agassiz; Mitologia Indígena; Mundurucu; Maué; Prefixo-pronominal; Raiz; Rio Negro; Sufixo; Sujeito; Thayer Expedition; Tronco Tupi; Tupi do Amazonas; Tupi-moderno; Variante; Verbo auxiliar; Verbo-causativo; Verbo ser; Verbo ikó; Vogal longa; Vogal breve; Vogal intermediária.